Jesuítas

Os jesuítas são os padres de uma ordem religiosa chamada Companhia de Jesus, fundada por Inácio de Loyola, em 1534, que atuam como evangelizadores.
Símbolo da Companhia de Jesus, ordem religiosa dos padres jesuítas.

Os jesuítas são os padres da Companhia de Jesus, uma ordem religiosa fundada por Inácio de Loyola em 1534. Têm um papel evangelizador e procuram expandir a fé católica para todos os cantos do planeta. Na Europa, cumpriram um importante papel na reação católica perante o avanço do protestantismo.

Os jesuítas chegaram ao Brasil Colônia em 1549, sendo liderados por Manuel da Nóbrega. Fundaram inúmeras missões jesuíticas em diferentes partes do território brasileiro e procuraram catequizar os nativos, tornando-os verdadeiros católicos, mas sem os vícios presentes entre os europeus. Foram expulsos do Brasil no século XVIII, por marquês de Pombal.

Leia também: Padre Antônio Vieira — um dos principais jesuítas que atuaram no Brasil

Resumo sobre jesuítas

  • Os jesuítas são os padres que fazem parte da Companhia de Jesus, uma ordem religiosa.

  • Essa ordem religiosa foi fundada por Inácio de Loyola, em 1534.

  • Procuraram expandir a fé católica pelo mundo e impedir o avanço do protestantismo na Europa.

  • Chegaram ao Brasil em 1549 e tinham uma forte vocação educacional, abrindo inúmeras escolas pelo país.

  • Foram expulsos do Brasil e de todas as colônias de Portugal por ordem do marquês de Pombal, em 1759.

Quem são os jesuítas?

Os jesuítas são a maneira informal pela qual se conhece os membros da Companhia de Jesus, uma ordem religiosa vinculada à Igreja Católica que teve uma atuação significativa no Brasil durante o período da colonização. Essa ordem religiosa foi fundada em 1534 por Inácio de Loyola, junto a outros companheiros, na Universidade de Paris.

Inácio de Loyola havia decidido realizar voto de pobreza e castidade em 1521, e, desde então, havia dedicado-se integralmente à vida religiosa. A Companhia de Jesus foi criada durante o contexto da Reforma Religiosa, sendo usada como parte da reação da Igreja Católica ao avanço do protestantismo no continente europeu.

Na Europa atuou muito no reforço dos preceitos do catolicismo entre a população já católica, e, no continente americano, atuou por meio da catequização dos indígenas a fim de expandir o catolicismo pela América. A presença dos jesuítas, no entanto, não se deu apenas na Europa e América, pois eles também estiveram na África e Ásia, por exemplo.

Quando os jesuítas chegaram ao Brasil?

Os jesuítas chegaram ao Brasil, em 1549, em um grupo de seis padres, liderados por Manuel da Nóbrega. Eles foram trazidos com o primeiro governador-geral do Brasil, Tomé de Sousa, e chegaram aqui com o objetivo de converter os nativos ao catolicismo por meio de boas ações. A estratégia usada foi a de adaptar os conceitos do catolicismo à cultura local, segundo as historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling.|1|

Principais ações dos jesuítas no Brasil

No Brasil, os jesuítas se reuniam nas missões jesuíticas, basicamente aldeias em que os religiosos procuravam criar verdadeiras comunidades cristãs sem repetir os vícios existentes na sociedade europeia. O intuito deles, além de transmitir o catolicismo, era transmitir os “valores civilizacionais” da sociedade europeia.

Nessas missões, os padres conseguiam produzir quase tudo do que necessitavam para garantir o seu sustento mas também exploravam a mão de obra dos indígenas que ali residiam. Entre as instalações presentes nesses aldeamentos, havia escolas, oficinas de artesanato, cabanas que serviam de residência para os indígenas, capelas, e as residências dos padres.|2|

As missões jesuíticas acabaram sendo um local onde os indígenas poderiam ser abrigados da violência dos colonos. Isso porque, em muitas partes do Brasil, os colonos procuravam, de todos os meios, escravizar os indígenas e, ainda, eram comuns os sequestros de indígenas pelos bandeirantes, por exemplo.

Os jesuítas procuravam defender os indígenas nesse sentido, garantindo que eles não fossem escravizados pelos colonos. As disputas dos jesuítas com bandeirantes e colonos, em geral por essa questão, foram frequentes. Esses conflitos faziam com que algumas missões fossem atacadas pelos bandeirantes.

A pressão dos jesuítas sobre a Coroa portuguesa pela questão da escravização dos indígenas fez com que a Coroa determinasse, por meio de uma Carta Régia de 1570, que a escravização de indígenas somente seria permitida se fosse em caso de “guerra justa”, isto é, se o grupo de indígenas escravizados tivesse hostilizado os portugueses primeiro.

No campo educacional, o trabalho dos jesuítas foi extenso, e eles foram praticamente os únicos educadores do Brasil durante todo o período colonial. O trato dos padres com os nativos precisou ser adaptado para garantir que estes permanecessem nas missões daqueles. Os jesuítas que agiam com rigor e com castigos físicos viam suas escolas se esvaziarem. Com isso, os métodos de ensino passaram a usar práticas como danças e cantorias, por exemplo.

Os jesuítas possuíam técnicas para abordar os povos indígenas e faziam sua comunicação com eles por meio da língua geral, um idioma que misturava elementos do português e de línguas nativas, como o tupi. Por certo tempo, essa foi a língua mais falada no Brasil.

As missões jesuíticas se espalharam por diversas partes do Brasil, tais como Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Bahia, entre outros locais. Uma das missões mais famosas foi a fundada por Manuel da Nóbrega e José de Anchieta, em 1554. Trata-se do Colégio de Piratininga, fundado em 25 de janeiro de 1554, local que daria origem à cidade de São Paulo.

A presença dos jesuítas não se resumiu ao Brasil porque eles também estiveram no México, Argentina, Paraguai, entre outros. Apesar de todo o trabalho para evitar que os indígenas fossem escravizados e da criação de meios mais humanizados de educá-los, os jesuítas ficaram marcados também por um profundo desprezo à cultura indígena, uma demonstração da visão etnocêntrica dos religiosos.

Videoaula sobre os jesuítas no Brasil

Envolvimento dos jesuítas na Guerra Guaranítica

A Guerra Guaranítica foi um dos acontecimentos mais significativos que envolveram os jesuítas em território brasileiro. Esse conflito foi uma consequência direta do Tratado de Madri, assinado em 1750, por Portugal e Espanha, e responsável por reorganizar as fronteiras entre as duas nações no continente americano.

Como parte desse tratado, os espanhóis entregaram a região de Sete Povos das Missões para Portugal, obrigando as missões jesuíticas espanholas a abandonarem a região. Tanto os jesuítas instalados naquela região quanto os indígenas guaranis que residiam nas missões jesuíticas não ficaram agradados com a mudança e armaram-se para resistir aos portugueses.

A guerra estendeu-se de 1753 a 1756 e se encerrou com a derrota e a subjugação dos guaranis às tropas espanholas e portuguesas. Com a derrota, as missões jesuíticas da região foram destruídas.

Expulsão dos jesuítas do Brasil

Ao longo dos séculos, os jesuítas enriqueceram bastante, pois, além de controlar os indígenas e explorar sua mão de obra, tinham acesso a recursos importantes, como as drogas do sertão exploradas pelos religiosos no Grão-Pará. A partir do século XVIII, a relação da Companhia de Jesus com a Coroa portuguesa foi piorando progressivamente.

A expulsão da ordem de Portugal e de todas as colônias portuguesas se deu durante a gestão de Sebastião José de Carvalho e Melo, o marquês de Pombal, enquanto secretário de Estado de Portugal.

O marquês de Pombal ordenou a expulsão dos jesuítas em 1759, e isso foi uma tentativa da Coroa de centralizar a administração colonial e neutralizar a ação de ordens religiosas que atuavam na colônia de maneira autônoma e sem o controle da metrópole.|3| Ao longo desse século, os jesuítas ainda foram expulsos de outras nações europeias.

Veja também: Iluminismo — o movimento que influenciou a forma de governo de marquês de Pombal

Jesuítas na atualidade

Atualmente, a Companhia de Jesus ainda existe e segue com a vocação evangelizadora, atuando ainda por meio da educação. Os jesuítas possuem escolas e universidades espalhadas por cerca de 100 países e contam com cerca de 20 mil membros.

Notas

|1| SCHWARCZ, Lilia Moritz e STARLING, Heloísa Murgel. Brasil: Uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p. 42.

|2| MESGRAVIS, Laima. História do Brasil Colônia. São Paulo: Contexto, 2020. p. 27.

|3| FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013. p. 96.

Publicado por Daniel Neves Silva

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