Nazismo

O nazismo foi uma ideologia de extrema-direita que surgiu na Alemanha no período pós-guerra e que foi responsável pelo Holocausto, genocídio que matou milhões de pessoas.
O nazismo surgiu no começo da década de 1920 e conquistou multidões na Alemanha. [1]

O nazismo foi uma ideologia de extrema-direita que surgiu na Alemanha na década de 1920 e que se manifestou por meio do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães. Ficou marcado por defender um nacionalismo extremado, com posturas abertamente antissemitas, contra a democracia, militaristas, entre outras.

O líder do partido foi o austríaco Adolf Hitler, conhecido por sua grande capacidade retórica. Hitler assumiu o poder da Alemanha em 1933, ao ser nomeado chanceler, e implantou uma ditadura totalitária que perseguiu opositores e preparou o país para a guerra. O nazismo foi derrotado ao final da Segunda Guerra Mundial.

Veja também: Neonazismo — ideologia que surgiu após a Segunda Guerra Mundial e busca resgatar ideias nazistas

Resumo sobre nazismo

  • O nazismo foi uma ideologia de extrema-direita que surgiu na Alemanha depois da Primeira Guerra Mundial.

  • Abarcava características como o antissemitismo, o desprezo à democracia liberal, o nacionalismo extremado, a exaltação da guerra, entre outras.

  • Seu líder foi Adolf Hitler, chamado pelos nazistas de führer.

  • Os nazistas assumiram o poder da Alemanha em 1933 e foram derrubados ao final da Segunda Guerra Mundial, com a derrota alemã.

  • O antissemitismo nazista foi responsável pelo genocídio dos judeus e de outros grupos no Holocausto. Esse genocídio matou seis milhões de pessoas.

Videoaula sobre nazismo

O que foi o nazismo?

O nazismo foi uma ideologia extremista e totalitária que se consolidou após a Primeira Guerra Mundial por meio de um partido político que surgiu na Alemanha, o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei ou NSDAP, no idioma alemão), surgido em 1920.

O partido passou a ser liderado por Adolf Hitler, um austríaco que havia se mudado para a Alemanha em 1913. Hitler tirou proveito de sua boa capacidade retórica para propagar um discurso extremista e conquistou seguidores ao longo da década de 1920, período de intensa crise política, econômica e social na Alemanha.

O que era a ideologia nazista?

A ideologia carregava total desprezo pela ciência e pelas artes modernas, como pode ser observado na grande queima de livros promovida pelos nazistas. [1]

A ideologia nazista foi marcada por um discurso abertamente racista que defendia a superioridade do homem branco e ideias eugenistas, isto é, a possibilidade de uma “purificação da raça humana”. O racismo presente no nazismo também continha intenso antissemitismo, preconceito contra os povos judaicos, muito comum na sociedade alemã desde o século XIX.

Enquanto ideologia autoritária e nacionalista, por meio da qual o Estado procurava controlar a população de todas as formas possíveis, o nazismo se caracterizava pelo antiliberalismo, por causa do menosprezo pelas democracias liberais, o que incluía o modelo parlamentarista existente na Alemanha.

O nazismo continha profundo nacionalismo e realizava a exaltação da raça ariana, sendo esta o ideal de ser humano para os nazistas, padrão baseado em um indivíduo caucasiano e de origem germânica. Os adeptos da ideologia acreditavam que era necessário construir um império para abrigar a raça ariana, chamado de lebensraum, o espaço vital nazista.

Esse espaço deveria reunir localidades que haviam sido historicamente ocupadas por germânicos, como a Prússia Oriental, que a Alemanha perdeu depois da Primeira Guerra Mundial. Os judeus deveriam ser expulsos (ou exterminados), e os eslavos deveriam ser escravizados. A formação desse território constituiria o Terceiro Reich.

Esse objetivo seria concretizado mediante uma guerra. A guerra, para os nazistas, não era um meio para obter o que eles queriam, mas o fim por intermédio do qual o Terceiro Reich seria construído. Exatamente por isso, a formação de milícias paramilitares e toda a organização e disciplina das tropas eram importantes para os nazistas.

Além disso, havia nos nazistas o desprezo por tudo que fosse considerado moderno, principalmente as artes, portanto eles buscavam suprimir manifestações artísticas e culturais que fossem modernas. Isso valia para a música, cinema, teatro e outras formas de arte. Manifestações da modernidade na ciência também eram menosprezadas. Autores como Sigmund Freud eram rechaçados pelos nazistas, e seus estudos eram proibidos.

O antissemitismo não foi estabelecido ao longo do domínio nazista sobre a Alemanha. Essa violência já existia desde o germe ideológico que formou o nazismo. O historiador Richard J. Evans demonstrou que já em 1920, em pequenos discursos realizados por Hitler, era sugerida a eliminação dos judeus da Alemanha.

Em 6 de abril de 1920, Hitler anunciou que os judeus deveriam ser exterminados. No mesmo ano, ele declarou que o “bacilo que atingia a sociedade alemã” deveria ser aniquilado|1|. Essa ameaça de aniquilação foi feita em inúmeros outros momentos.

Outro ponto importante da ideologia nazista é que ela era antimarxista, ou seja, se opunha ao marxismo (designação para as ideias de Karl Marx), sendo que Hitler também mencionou em diversos momentos a sua aversão ao bolchevismo, à União Soviética e ao socialismo. Richard J. Evans afirma que “em certos aspectos, o nazismo era uma contraideologia extrema ao socialismo”.|2|

É importante mencionar a devoção à personalidade que existia na ideologia nazista, o que se manifestou por meio do culto a Adolf Hitler. Os nazistas saudavam Hitler com a expressão Heil Hitler, que significa “Salve Hitler”. A saudação Heil foi uma apropriação que os nazistas fizeram de um movimento de extrema-direita da Alemanha chamado Longe de Roma.

Hitler também era chamado de führer, que significa “líder”, sendo que a utilização desse termo para se referir a ele também foi apropriada pelos nazistas e era usada pelo mesmo grupo extremista acima mencionado.

Saiba mais: Ku Klux Klan — organização terrorista estadunidense que possui ideais supremacistas brancos

O nazismo era de esquerda ou de direita?

Um debate que tem mobilizado as pessoas com frequência, sobretudo nas redes sociais, diz respeito ao espectro político do nazismo, isto é, se se tratava de um movimento de esquerda ou de direita. A palavra final a respeito desse assunto pertence aos historiadores, os profissionais especializados no estudo dos eventos passados.

O debate sobre o espectro político do nazismo não existe entre os historiadores, uma vez que é um consenso acadêmico que o nazismo foi uma ideologia de extrema-direita. Isso é reafirmado por diversos historiadores, incluindo os maiores especialistas do mundo sobre nazismo, como Ian Kershaw e Richard J. Evans.

Essa conclusão foi obtida por meio de décadas de estudo da ideologia nazista e dos próprios discursos de Adolf Hitler. Além disso, o surgimento do nazismo aconteceu em um contexto de proliferação de movimentos de extrema-direita na Alemanha.

Assim, defender sem embasamento histórico uma posição abertamente contrária a um consenso acadêmico obtido por meio de anos de estudos sobre o nazismo é considerado como negacionismo histórico. Para saber mais, acesse: O nazismo era de esquerda ou de direita?

Como surgiu o nazismo?

O surgimento do nazismo tem relação com a circulação de ideais extremistas presentes na sociedade alemã desde o século XIX. Entre esses ideais, constavam:

A sociedade alemã do começo do século XX ficou marcada pela promoção de um genocídio na África contra os nama e os herero, povos que habitavam o território da atual Namíbia. A ideia da pretensa superioridade racial dos germânicos surgiu nesse contexto.

Além disso, o antissemitismo era habitual na sociedade, havendo muitas personalidades e intelectuais que proferiam posições abertamente antissemitas. Todos esses ideais extremistas ganharam corpo depois da Primeira Guerra Mundial.

A derrota alemã na Primeira Guerra Mundial foi tida como humilhante para a sociedade daquele país, e a desinformação quanto à real situação da Alemanha nos últimos momentos do conflito fez com que a população fosse pega de surpresa com a rendição do país. Uma revolução aconteceu em território germânico em 1918, derrubando a monarquia e estabelecendo um governo social-democrata.

O período dos governos social-democratas ficou conhecido como República de Weimar, época de intensa crise econômica, política e social na Alemanha. Foi também o momento em que os movimentos de extrema-direita, incluindo o nazismo, surgiram no país. A experiência da derrota se tornou mais amarga quando o Tratado de Versalhes foi assinado, em 1919, impondo termos rígidos aos alemães, que:

  • perderam suas colônias na África;

  • foram proibidos de possuir marinha e aeronáutica e só poderiam ter apenas 100 mil soldados;

  • foram obrigados a devolver a região de Alsácia-Lorena para a França, e uma região de fronteira chamada Renânia precisou ser desmilitarizada;

  • tiveram seu mapa reconfigurado, e o país perdeu os territórios da Prússia Oriental;

  • pagaram uma indenização de guerra exorbitante para franceses e ingleses.

A República de Weimar se estendeu de 1919 a 1933, marcada por ser um período de crise. A economia alemã estava em frangalhos, e o país sofreu com a hiperinflação e o desemprego, que perdurou durante toda a década de 1920 e se agravou quando estourou a Grande Depressão, com a Crise de 1929.

Uma parte expressiva da sociedade alemã se sentiu traída com a derrota do país, o que fez com que a nação ficasse ressentida. O ressentimento da sociedade foi explorado, sobretudo, por grupos paramilitares que começaram a surgir e por grupos de extrema-direita.

Discursos radicais, como o do nazismo, ganharam cada vez mais espaço na sociedade alemã, sendo abraçados por muitos trabalhadores e indivíduos da classe média. Os grupos detentores desses discursos deram força ao cenário de radicalização política da Alemanha e exploraram todo o contexto que o país enfrentava, isto é:

  • crescimento do socialismo pela Europa;

  • despeito causado pela derrota alemã;

  • medo do desemprego;

  • insegurança causada pela hiperinflação.

Leia também: Fascismo — o movimento autoritário italiano no qual Hitler se inspirou

Qual foi o papel de Adolf Hitler no nazismo?

Em grande parte, a ascensão do nazismo na Alemanha foi resultado da liderança de Adolf Hitler e da sua capacidade de mobilizar as pessoas com seus discursos inflamados. Ele, no entanto, só conseguiu dar real força ao nazismo depois que saiu da prisão, em 1924. Na prisão, inclusive, ele escreveu o livro chamado Minha Luta (Mein Kampf), que resume a ideologia nazista.

Adolf Hitler foi o grande líder do nazismo, chamado pelos seus seguidores de “führer”. Cometeu suicídio em 1945 por causa da derrota alemã. [1]

O desenvolvimento do nazismo se deu, em grande parte, por meio da exploração do temor de parte da população alemã em relação ao socialismo, ideologia que estava crescendo na Alemanha. Os nazistas, inclusive, promoveram a criação de milícias chamadas de Sturmabteilung (SA), cujo propósito era intimidar os críticos do nazismo e atacar socialistas.

A crítica aos socialistas agradava aos grupos da classe média. Depois de o nazismo se tornar uma grande força política na Alemanha, houve adesão a ele pelas classes altas. Hitler procurou aumentar a penetração dos ideais nazistas na sociedade alemã e incentivou a criação de grupos nazistas de mulheres e de trabalhadores, por exemplo, cujo objetivo era propagar o nazismo entre esses meios sociais.

O crescimento do nazismo se deu por meio de doutrinação das massas e de sua introdução em diferentes grupos da sociedade alemã. [1]

No final da década de 1920, o nazismo ganhava cada vez mais espaço na sociedade alemã e via seus resultados eleitorais crescerem. Em 1932, Hitler foi derrotado por Paul von Hindenburg nas eleições presidenciais, mas a crise política do país e a popularidade crescente de Hitler colaboraram para o fato de ele ser a pessoa indicada pelo presidente a assumir a posição de chanceler da Alemanha.

Isso marcou a ascensão do nazismo ao poder alemão. Em 1934, depois da morte de Paul von Hindenburg, Hitler acumulou as posições de chanceler e presidente. Seus amplos poderes permitiram que a ditadura totalitária nazista fosse consolidada na Alemanha.

→ Videoaula sobre quem foi Adolf Hitler

O que foi o antissemitismo nazista?

Uma vez que os nazistas chegaram ao poder, o antissemitismo deixou ser apenas um discurso e passou a se concretizar por meio de ações efetivas que marginalizavam os judeus da sociedade alemã. Entre 1933 e 1939, ao todo, foram emitidos mais de 400 decretos para promover a exclusão dos judeus.|3|

A primeira lei antissemita emitida pelos nazistas foi anunciada em 7 de abril de 1933 e determinava que todos os judeus que ocupavam cargos públicos deveriam ser demitidos. Ela ficou conhecida como Lei para a Restauração do Serviço Público Profissional. Com o passar do tempo, mais medidas antissemitas foram sendo adotadas.

Era comum que lojas de judeus fossem boicotadas como forma de perseguição. No cartaz: “Alemães! Defendam-se! Não comprem de judeus!”. [1]

Uma das mais conhecidas foram as Leis de Nuremberg, legislação de 1935 que consolidou a privação da cidadania dos judeus na Alemanha. As Leis de Nuremberg determinaram a proibição do casamento inter-racial na Alemanha. Assim, judeus e arianos não poderiam se casar. Essa legislação ia além e proibia que arianos e judeus mantivessem relações sexuais, e aqueles que não obedecessem à lei seriam acusados de “corrupção sexual”.

As Leis de Nuremberg também definiam quem tinha direito à cidadania na Alemanha e anunciavam que a pessoa que tivesse três quartos de sangue judeu (ou seja, se três de seus quatro avós fossem judeus), ela seria considerada judia, portanto, não teria direito à cidadania alemã. Essa definição era estendida para aqueles que praticassem a religião judaica ou se casassem com judeus depois da emissão da lei.

Os indivíduos que fossem considerados judeus pela lei não tinham mais esses direitos, mas eram obrigados a manter suas obrigações, como o pagamento de impostos. Durante toda a década, os judeus sofreram com inúmeras outras ações, como boicotes promovidos às suas lojas.

Em 1938, a violência contra os judeus deu um novo passo, quando um grande pogrom foi realizado pelo próprio partido nazista. Pogrom é um ataque violento e coordenado contra um grupo específico. Esse ataque aconteceu em novembro de 1938 e mobilizou um grande número de pessoas a atacar sinagogas, lojas e residências de judeus.

Esse ataque recebeu o nome de Noite dos Cristais e deu início ao aprisionamento de judeus em campos de concentração, sendo que cerca de 30 mil judeus foram presos.

O que foi o Holocausto?

O Holocausto causou a morte de seis milhões de pessoas. Na imagem, vemos prisioneiros de um campo de concentração que foram resgatados em 1945. [1]

O antissemitismo nazista resultou no Holocausto (os judeus chamam o evento de Shoá), um dos maiores genocídios da história. Nesse genocídio, seis milhões de pessoas foram mortas pelas mãos dos nazistas, sendo que a maioria delas era de judeus. Outros grupos executados no Holocausto foram:

  • ciganos;

  • pessoas negras;

  • pessoas LGBT;

  • socialistas;

  • prisioneiros de guerra.

A estrutura utilizada para exterminar os judeus fazia parte do Plano Solução Final. Esse plano foi criado com o objetivo de eliminar todos os judeus que residiam na Europa. Para isso, os nazistas começaram a reunir todos os judeus da Europa, aglomerando-os em guetos e depois os enviando para campos de concentração, onde eram escravizados.

Muitos morriam por conta de toda a violência que sofriam, e os sobreviventes eram enviados para campos de concentração, cujo propósito final era executar judeus em câmaras de gás que utilizavam Zyklon B, ou monóxido de carbono, para matar as vítimas.

Além disso, os nazistas criaram tropas que buscavam incansavelmente e fuzilavam os judeus no Leste Europeu. Os Einsatzgruppen, ou grupos de extermínio, foram responsáveis pela execução de mais de um milhão de pessoas.

Saiba também: Massacre de Babi Yar — um dos horrores cometidos contra os judeus pela Alemanha Nazista

Nazismo e a Segunda Guerra Mundial

O nazismo é considerado o grande fator que levou ao início da Segunda Guerra Mundial, especialmente no que se refere ao expansionismo. Ao longo da década de 1930, a Alemanha anexou a Áustria; posteriormente, os Sudetos (região da Checoslováquia); e, por fim, toda a Checoslováquia.

Quando a retórica de Hitler se voltou contra a Polônia, franceses e britânicos anunciaram que declarariam guerra se os germânicos atacassem os poloneses. A Alemanha invadiu a Polônia em 1º de setembro de 1939 e, dias depois, França e Reino Unido declararam guerra contra a Alemanha.

Isso marcou o início da Segunda Guerra Mundial, conflito que se estendeu até 1945, somente finalizado quando os alemães anunciaram sua rendição, em maio de 1945. Antes disso acontecer, Hitler cometeu suicídio.

Notas

|1| EVANS, Richard J. A chegada do Terceiro Reich. São Paulo: Planeta, 2016, pp. 229-230.

|2| Idem, p. 228.

|3| Legislação Antissemita na Alemanha antes da guerra. Para acessar, clique aqui.

Crédito de imagem

[1] Everett Collection / Shutterstock

Publicado por Daniel Neves Silva

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