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Apóstrofe

Apóstrofe é uma figura de linguagem pertencente à categoria de figuras de pensamento e que consiste em invocar algo ou alguém.
Caderno com escrito “Apóstrofe”, em superfície rosa
A apóstrofe é uma figura de linguagem muito comum em nosso cotidiano.

A apóstrofe é uma figura de linguagem conhecida pela interrupção de uma narração para se dirigir ao leitor ou ouvinte. Esse processo é muito utilizado no cotidiano ou mesmo em produções literárias, no intuito de aproximar o interlocutor de seu locutor, produzindo um efeito de subjetividade maior entre ambos. Em um texto, a apóstrofe refere-se ao vocativo (marca gramatical) justamente por chamar, invocar e interpelar seu ouvinte ou leitor.

Leia também: Estilística — a parte da linguística que se ocupa do estilo e de recursos expressivos

Resumo sobre apóstrofe

  • A apóstrofe é uma figura de pensamento que se refere ao vocativo em um texto, consistindo na interrupção para se dirigir ao leitor ou ouvinte.

  • Ela é um recurso estilístico, isto é, uma figura de linguagem. Por outro lado, o vocativo é uma função gramatical.

  • A apóstrofe e o apóstrofo são palavras parônimas por apresentarem sonoridade e escrita próximas. No entanto, o apóstrofo é uma sinalização e supressão de palavras e a apóstrofe é uma figura de linguagem.

  • A figura de linguagem é um recurso estilístico que apresenta uma série de elementos a fim de tornar a linguagem mais rica e expressiva. Seus tipos são:

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O que é apóstrofe?

A apóstrofe é uma figura de linguagem da categoria figura de pensamento que consiste na interrupção que o orador ou narrador faz em seu texto para se dirigir ao seu ouvinte ou leitor (real ou fictício). Ela está muito presente em nosso cotidiano, principalmente em discursos religiosos e políticos, em que o orador evoca Deus ou o povo.

Exemplos de apóstrofe

Minha senhora dona, um menino nasceu: o mundo tornou a começar”

Guimarães Rosa

Criança! Não verás país nenhum como este:

Imita na grandeza a terra em que nasceste”

Olavo Bilac

Ô pacato cidadão, te chamei a atenção”

Skank

Deus, ó Deus! Onde estás, que não me respondes?”

Castro Alves

“Saberás, pois, ó leitor, como nós outros fazemos o que te fazemos ler”

Almeida Garrett

Nesses exemplos, temos grifada a presença da apóstrofe. Em todos eles, o locutor interrompe a sua narrativa para se dirigir a alguém. Nos últimos dois exemplos, o autor se direciona, no primeiro caso, a Deus (religião), e, no segundo, ao leitor (literatura). Também é possível identificarmos nas frases quais são as marcas linguísticas que acompanham a apóstrofe. Vejamos:

Exemplo de apóstrofe

Marca linguística que a acompanha

Minha senhora dona

Criança

Ô pacato cidadão

Deus, ó Deus

Ó leitor

vírgula

exclamação

vírgula

exclamação

vírgula

De acordo com quadro, por se tratar de um chamamento, invocação ou interpelação, a apóstrofe possui marcações linguísticas referentes à pontuação, podendo ser, principalmente, apresentada entre vírgulas ou com o uso do ponto de exclamação.

Esses exemplos foram retirados de produções musicais e literárias. No entanto, como mencionado, a apóstrofe é muito comum em usos do cotidiano. Em discursos políticos ou mesmo em interpelações religiosas, é possível identificarmos a presença dessa figura de linguagem. Observe:

Povo brasileiro! É preciso união para enfrentarmos os problemas que virão.

Senhor, o que eu fiz para merecer isso?

Minha nossa senhora! Isso é um absurdo!

Apóstrofe e vocativo

A apóstrofe é uma figura de pensamento, isto é, um recurso estilístico para evidenciar e tornar mais expressiva a linguagem. Já o vocativo consiste na função sintática exercida pela apóstrofe. Ele é, nesses termos, uma marca gramatical presente no discurso direto.

Assim, quando tratamos de apóstrofe, estamos falando da figura de linguagem e sua funcionalidade associada à expressividade. Por outro lado, quando dizemos sobre o vocativo, estamos tratando de outra função, entendida sob o aspecto gramatical do texto. A apóstrofe se refere, portanto, do ponto de vista gramatical, ao vocativo.

Saiba mais: Aposto e vocativo — qual a diferença?

Diferenças entre apóstrofe e apóstrofo

Apesar de nomes parecidos, apóstrofe e apóstrofo são coisas completamente distintas. A apóstrofe, conforme abordado ao longo do texto, é uma figura de linguagem da categoria figura de pensamento. Já o apóstrofo é um sinal gráfico (‘) que indica a supressão de uma letra.

→ Exemplos de apóstrofo

  • Copo d’água;

  • Vozes d´África;

  • Arraial d’Ajuda;

  • Estrela d’Alva.

Importante: As duas palavras (apóstrofe e apóstrofo) são classificadas como parônimas, isto é, expressões ou termos que se assemelham em relação à grafia e pronúncia, mas que apresentam significados completamente distintos.

O que são as figuras de linguagem?

As figuras de linguagem são entendidas como recursos linguísticos que exploram o sentido conotativo de palavras e expressões. Elas são classificadas em figuras de som, de construção, de pensamento e de palavras. A apóstrofe pertence à categoria figura de pensamento. Em outros termos, ela utiliza como recurso de estilo a emoção, os sentimentos e a paixão, que atuam no campo das ideias.

Exercícios resolvidos sobre apóstrofe

Questão 1

A apóstrofe ocorre nos seguintes casos, exceto:

A) “Deixai-me vós, Senhor Deus!” (Castro Alves)

B) Eu preciso dizer a você, querido leitor, que as coisas não se sucedem como deve estar imaginando.

C) “Pai, afasta de mim esse cálice, Pai” (Chico Buarque de Holanda)

D) “É, Senhor, o contrário que mais temo!” (Bocage)

E) Na segunda-feira, eles desistiram do plano.

Resolução:

Alternativa E

A apóstrofe é marcada pela interrupção de uma narração feita por um narrador ou orador para se dirigir a outra pessoa. Entre as alternativas apresentadas, “Na segunda-feira, eles desistiram do plano” é a exceção, pois a frase não apresenta uma apóstrofe. A narração feita não se desloca para outrem, e a expressão “na segunda-feira” refere-se apenas a uma marcação espacial.

Questão 2

Identifique abaixo o grupo de frases que são figuras de pensamento.

A) Você não foi feliz nos exames; Povo brasileiro! É preciso nos unirmos; “Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada” (Castro Alves).

B) Procurou no Aurélio o significado daquela palavra; Ele não é nada bobo; “Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios” (Vinicius de Moraes).

C) “Na sala, apenas quatro ou cinco convidados” (Machado de Assis); “Garruchas há que sozinhas disparam” (Guimarães Rosa); “O homem chamar-se mito não passa de um anacoluto” (Carlos Drummond de Andrade).

Resolução:

Alternativa A

Para resolvermos a questão, é preciso identificarmos os tipos de figuras de linguagem que existem. Sendo assim, temos: as figuras de som (aliteração, assonância, paronomásia e onomatopeia); as figuras de construção (elipse, zeugma, polissíndeto, inversão, silepse, anacoluto, pleonasmo, anáfora, quiasmo e hipálage); as figuras de pensamento (antítese, ironia, eufemismo, hipérbole, prosopopeia, gradação, apóstrofe e litotes); e as figuras de palavras (metáfora, metonímia, catacrese, antonomásia e sinestesia).

Classificando as frases da questão, temos:

A) Eufemismo (figura de pensamento); apóstrofe (figura de pensamento); gradação (figura de pensamento).

B) Metonímia (figura de palavra); litote (figura de pensamento); antítese (figura de pensamento).

C) Elipse (figura de construção); inversão (figura de construção); anacoluto (figura de construção).

Como a questão pede que se identifique as frases que apresentam figuras de pensamento, a resposta é a alternativa A.

Publicado por Rafael Camargo de Oliveira

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