Sousândrade

Sousândrade foi um poeta maranhense. Ele pertenceu à terceira geração do romantismo brasileiro. Seu livro mais famoso é o poema narrativo Guesa errante.
Sousândrade é um poeta enquadrado na terceira geração do romantismo brasileiro.

Sousândrade (Joaquim de Sousa Andrade) foi um poeta brasileiro. Ele nasceu em 09 de julho de 1832, em Alcântara, cidade maranhense. Mais tarde, viajou a países da Europa e África, além de viver alguns anos nos Estados Unidos, onde foi vice-presidente do jornal O Novo Mundo.

O poeta, que faleceu em 21 de abril de 1902, em São Luís, foi um autor da terceira geração romântica. Seus textos possuem crítica social, sentimentalismo e apresentam caráter mais realista. Sua obra-prima, Guesa errante, é um poema épico e conta a história de um indígena colombiano que peregrina pela América, Europa e África.

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Resumo sobre Sousândrade

  • O autor maranhense Sousândrade nasceu em 1832 e faleceu em 1902.

  • Além de poeta, foi professor, vice-presidente de um jornal e prefeito.

  • Foi um dos autores da terceira geração romântica brasileira.

  • Sua poesia é emotiva, porém é mais realista e faz crítica social.

  • Guesa errante é a obra mais conhecida desse poeta brasileiro.

Biografia de Sousândrade

Sousândrade (Joaquim de Sousa Andrade) nasceu em 09 de julho de 1832, no município de Alcântara, no estado do Maranhão. A família era rica e possuía uma fazenda produtora de arroz e algodão. Com 21 anos de idade, órfão, usou parte da herança para conhecer a Europa.

Em Paris, cursou Letras e Engenharia de Minas na Sorbonne. A partir daí, até o ano de 1857, peregrinou por várias partes da Europa e África, assim como o Guesa, protagonista de sua obra mais famosa. Ele também iniciou curso de Medicina, no Rio de Janeiro, mas, como a de Engenharia, essa faculdade também não foi concluída pelo autor.

Em 1871, devido a um problema de saúde de sua filha Maria Bárbara, decidiu buscar tratamento nos Estados Unidos. Nesse país, ela estudou no colégio Sacré Coeur, em Nova Iorque. Nessa cidade, o poeta se tornou acionista e vice-presidente do jornal O Novo Mundo.

Descrente da monarquia desde a juventude, voltou definitivamente ao Brasil em 1884. Proclamada a república, tornou-se o prefeito de São Luís. Também foi professor de grego no Liceu Maranhense. Estava bastante pobre quando faleceu, em 21 de abril de 1902, na capital do Maranhão.

Quais são as características da obra de Sousândrade?

Pertencente à terceira geração romântica, Sousândrade escreveu uma poesia mais realista, ou seja, com menos idealizações. Seus textos também apresentam crítica social, valorização da liberdade e da cultura indígena. O autor, em consonância com o romantismo, utilizou muitas hipérboles e apreciou o sentimentalismo.

  • Principais temas de Sousândrade

  • Amor

  • Liberdade

  • Natureza

  • Cultura e história indígenas

Leia também: Fagundes Varela — brasileiro que faz parte do ultrarromantismo

Obras de Sousândrade

  • Harpas selvagens (1857)

  • Obras poéticas (1874)

  • Guesa errante (1884)

  • Harpa de ouro (1889)

  • Novo Éden (1893)

Análise da obra Guesa errante

A obra mais famosa de Sousândrade é o poema narrativo Guesa errante, também conhecido como O guesa. Esse livro incompleto, pois o autor morreu antes de finalizar sua grande obra, possui 13 cantos. O poeta começou a escrita dos versos decassílabos que compõem o poema em 1858.

Esse épico da literatura brasileira tem como personagem principal o jovem indígena colombiano Guesa. Seguindo os passos do antigo e famoso herói Bochica, Guesa sai dos Andes, em peregrinação pela América, Europa e África. Ao final da travessia, deve ser inevitavelmente sacrificado em respeito ao deus do Sol.

A história da América é contada, em versos, por meio da apresentação de mitos indígenas, além de personagens e fatos da colonização. Desse modo, a realidade dos povos indígenas, com seus problemas, é evidenciada. No mais, o autor nos lembra de que, além de brasileiros, somos também americanos.

Poemas de Sousândrade

É do livro Harpas selvagens|1| o poema “O rouxinol”. Nele, o eu lírico fala de um rouxinol que procurava “o amor, a vida” ou “a morte” após raiar o dia. Depois veio a chuva e, ao que parece, a tempestade levou o ninho e os filhos do pássaro, que, por isso, parou de cantar:

Nas moitas de lírio e rosas,
Findas trevas, nado o sol,
Procurava o amor, a vida,
Ou a morte, o rouxinol.

Ali deixara o seu ninho,
Os doces filhos, o amor
E agora muge a torrente,
E nada responde a flor.

Era tudo o que no mundo
Possuía, e tanto val’
Que antes levassem-lhe as asas
As fúrias do vendaval!

Ouviu gemidos — lá voa,
Treme e canta o rouxinol,
Aquém surge, além s’enterra,
Desenterra. Esplende o sol,

Se reflete nos orvalhos,
Depois que a chuva estiou;
Ao peito que a dor estala
Jamais o sol rutilou:

Sejam d’oiro puro os ramos,
Da luz da prata o jasmim,
A terra e os ares perfume,
Os céus anil e carmim,

Fecham-se os olhos e as asas,
Das torrentes ao fragor
Se emudece — tal, pendida
Sobre os abismos de horror,

Houve quem viu filomela.
Depois, abriu-se o rosal;
Mas os cantos não voltaram,
Nunca, desde o vendaval.

É também de Harpas selvagens o poema “Eternidade”. Ele possui o mesmo sentimentalismo romântico do poema anterior. Desta vez, o eu lírico diz que a menina logo cresce, bela, e ingressa no “reino do amor”. No entanto, é possível perceber um traço de realismo, já que o eu lírico considera o amor um “sopro”, isto é, algo que não dura:

Um dia nasce a menina;
Onda de rosa e cristal,
Serpeia em terra divina —
O verme paraisal!

No outro dia desperta
Grande, bela, meiga flor
Ao pejo e graças aberta;
Começa o reino do amor.

Voa aos ares borboleta,
Repoisa pomba do lar,
Abre os seios de violeta
Neles outra onda... no mar.

E é o mar, a eternidade;
A onda, a vida veloz,
O ente na humanidade,
Do amor ao sopro... e após?

Nota

|1| SOUSÂNDRADE. Obras poéticas. New York: [s. n.], 1874.

Publicado por Warley Souza

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