Ortografia

A ortografia é o conjunto de regras que regem a escrita padronizada das palavras do idioma, garantindo textos legíveis e evitando mal-entendidos e ruídos na comunicação.
A ortografia é uma área importante para a linguagem escrita. (Créditos: Gabriel Franco | Mundo Educação)

A ortografia é fundamental para a comunicação escrita. Ela determina a forma correta de escrever as palavras de acordo com as regras estabelecidas pela língua. O respeito à ortografia permite que as pessoas se compreendam mutuamente, evitando mal-entendidos e facilitando o entendimento dos textos.

Leia também: Afinal, o que é gramática?

Resumo sobre ortografia

  • Ortografia é o conjunto de regras que orienta uma escrita padrão das palavras de uma língua.
  • Ela abrange: alfabeto, acentuação, hifenização, uso de letras maiúsculas e minúsculas e emprego correto das letras.
  • Garante clareza, precisão e credibilidade aos textos.
  • Parônimos são palavras parecidas, mas com significados diferentes. Homônimos são palavras com a mesma pronúncia, mas com significados distintos.
  • O Acordo Ortográfico unifica a ortografia dos países lusófonos.
  • As principais regras de ortografia são em relação ao uso de X e de CH, ao uso de H, ao uso de S e de Z, ao uso de G e J e ao uso de K, W e Y.
  • As principais dúvidas de ortografia são: “esse” e “este”, “abaixo” e “a baixo”, “onde” e “aonde” e “mas e mais”.
  • Os erros de ortografia mais comuns são: troca, omissão ou acréscimo de letras indevidamente, erros de acentuação, e confusão entre palavras parônimas e homônimas.

O que é ortografia?

A ortografia é a área da gramática que estabelece o conjunto de normas para uma escrita padrão da língua, respeitando regras gramaticais e convenções linguísticas. Pela ortografia, busca-se padronizar a escrita, de modo a facilitar a compreensão entre os leitores daquele idioma e a garantir a uniformidade da língua.

Importância da ortografia

A ortografia é importante para garantir clareza na comunicação escrita. A escrita padrão das palavras ajuda a evitar confusões e a garantir que as ideias sejam transmitidas de forma clara. Além disso, a padronização da escrita das palavras de um idioma contribui para preservá-lo, de modo que não se gerem formas escritas tão diferentes que se tornem irreconhecíveis pelos falantes de um mesmo idioma.

Elementos da ortografia

A ortografia engloba diversos elementos que contribuem para a escrita padronizada das palavras, incluindo:

  • Alfabeto: conjunto de letras que compõem uma língua.
  • Acentuação: regras que determinam o uso dos acentos gráficos, como o acento agudo, circunflexo e grave.
  • Hifenização: normas para o uso do hífen em palavras compostas e em outros casos.
  • Letras maiúsculas e minúsculas: convenções para o uso de letras maiúsculas e minúsculas em diferentes contextos.
  • Emprego adequado das letras: regras para o uso das letras do alfabeto em diferentes situações.

Parônimos e homônimos

Os conceitos de palavras parônimas e homônimas relacionam-se à ortografia, pois envolvem a forma escrita de diferentes palavras.

  • Parônimos: palavras parecidas na grafia e na pronúncia, mas com significados diferentes, como “eminente” (importante) e “iminente” (próximo).
  • Homônimos: palavras iguais na escrita ou na pronúncia, mas com significados diferentes, como “cesta” (objeto) e “sesta” (descanso).
    • Homógrafos: palavras iguais na escrita, mas com significados diferentes, como “gosto” (substantivo) e “gosto” (conjugação do verbo gostar).
    • Homófonos: palavras iguais na pronúncia, mas com significados diferentes, como “aço” (metal) e “asso” (conjugação do verbo assar).
    • Homônimos perfeitos: palavras iguais na pronúncia e na escrita, mas com significados diferentes, como “verão” (estação do ano) e “verão” (conjugação do verbo ver).

Para saber mais sobre parônimos e homônimos, clique aqui.

Acordo Ortográfico

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa é um tratado internacional de 1990, obrigatório no Brasil desde 2016, que visa a unificar a ortografia dos países lusófonos. Ele promoveu alterações em algumas regras ortográficas, como a eliminação do trema e mudanças na acentuação de algumas palavras.

O Acordo Ortográfico busca simplificar a escrita e facilitar a comunicação entre os falantes da língua portuguesa ao redor do mundo, sendo um acordo cuja adoção é esperada em todos os países lusófonos. Além desse acordo, outros já foram feitos em décadas anteriores com o mesmo objetivo de padronizar a escrita da língua portuguesa em diferentes locais do mundo.

As principais alterações foram:

  • Incorporação de letras no alfabeto (K, W e Y).
  • Mudanças nas convenções de uso de letras maiúsculas e minúsculas em alguns casos.
  • Extinção do uso do trema, sendo mantido apenas em nomes próprios.
  • Queda da acentuação em alguns casos de ditongo.
  • Queda do acento diferencial em alguns casos.
  • Mudanças nas regras de uso do hífen.
  • Aprovação de dupla grafia em algumas palavras específicas.

Para saber mais sobre o Novo Acordo Ortográfico, clique aqui.

Regras de ortografia

A língua portuguesa tem diversas regras ortográficas que orientam a escrita padronizada das palavras.

→ Uso de X e de CH

O X tende a ser mais usado em palavras de origem indígena, africana ou estrangeira (“xampu”, “abacaxi”) e após ditongos (“caixa”, “peixe”), enquanto o CH tende a ser mais usado em palavras de origem latina (“chave”, “chuva”).

→ Uso de H

O H é uma letra muda em português, mas é mantido em algumas palavras por razões etimológicas ou de tradição (“hora”, “homem”).

→ Uso de S e de Z

O S é usado em palavras derivadas de outras que já têm S (“casa” e “casinha”), após ditongos (“coisa”, “pausa”), enquanto Z é usado em palavras derivadas de outras que já têm Z (“cruz”, “cruzeiro”) e em sufixos como -ez e -eza (“beleza”, “realeza”).

→ Uso de G e de J

Apesar de terem o mesmo som antes de E e I, o G é usado em casos específicos (“ligeiro”, “algema”), enquanto o J tende a ser mais usado em palavras de origem indígena, africana ou árabe (“jiboia”, “canjica”) ou em outros casos específicos (“jeito”, “hoje”).

→ Uso de K, W e Y

Essas letras são mais usadas em palavras de origem estrangeira (“show”, “yoga”) ou em nomes próprios (“Wagner”, “Kyoto”).

Veja também: Quais são as regras de acentuação gráfica?

Dúvidas de ortografia

Algumas palavras e expressões costumam gerar dúvidas ortográficas frequentes.

→ “Esse” e “este”

“Este” é usado para se referir a algo perto de quem fala. (Ex.: Tenho estes documentos que comprovam tudo o que estou falando.”) “Esse” é usado para se referir a algo perto da pessoa com quem se fala. (Ex.: Você está vendo esse livro na sua mesa?) Saiba mais sobre o assunto clicando aqui.

→ “Abaixo” e “a baixo”

“Abaixo” é um advérbio que significa “em lugar inferior”. (Ex.: Rolamos rua abaixo após cairmos da motocicleta.) “A baixo” é uma locução adverbial que indica movimento em direção a um lugar mais baixo. (Ex.: Rabiscou a parede de cima a baixo.)

→ “Onde” e “aonde”

“Onde” é usado para indicar lugar. (Ex.: Não sei onde você foi.) “Aonde” é usado para indicar movimento em direção a algum lugar. (Ex.: Aonde você está indo?) Saiba mais sobre o assunto clicando aqui.

→ “Mas” e “mais”

“Mas” é uma conjunção adversativa que expressa oposição. (Ex.: Eu queria que fosse assim, mas não aconteceu como eu queria.) “Mais” é um advérbio de intensidade ou de quantidade (Ex.: Eu queria comer mais bolo.) Saiba mais sobre o assunto clicando aqui.

Erros de ortografia mais comuns

Alguns erros de ortografia comuns são:

  • Troca, omissão ou acréscimo de letras indevidamente: por exemplo, escrever “trás” no lugar de “traz”, “enchergar” no lugar de “enxergar”, ou “concerteza” no lugar de “com certeza”.
  • Erros de acentuação: por exemplo, escrever “cajú” no lugar de “caju”, “récorde” no lugar de “recorde”, ou “benção” no lugar de “bênção”.
  • Confusão entre palavras parônimas e homônimas: trocar o uso de “descriminar” e “discriminar”, por exemplo.

Exercícios resolvidos sobre ortografia

Questão 1

(Fundatec) Conforme Cegalla (2008), assinale a alternativa que indica a relação correta de homonímia entre os pares de palavras dados.

A) Acender e ascender são homógrafos, mas não são homófonos.

B) Cedo (verbo) e cedo (advérbio) são homógrafos, mas não são homófonos.

C) Rego (substantivo) e rego (verbo) são homófonos e homógrafos.

D) Colher (substantivo) e colher (verbo) são homófonos, mas não são homógrafos.

E) Censo e senso são homófonos, mas não são homógrafos.

Resolução:

Alternativa E

“Censo” e “senso” têm o mesmo som (portanto, são homófonos), mas são escritos de forma diferentes (portanto, não são homógrafos).

Questão 2

(Objetiva)

A língua portuguesa e o século XXI

O século XXI começou desafiando a todos nós falantes da língua portuguesa. Está a exigir de nós um protagonismo de grandes proporções. Hoje, há uma expressiva presença de nosso idioma em todos os continentes, presença que não para de crescer e tomar maiores dimensões planetárias.

Compomos um universo de falantes que supera o de línguas muito mais tradicionais no mundo da cultura e dos negócios. Somos mais falados do que o italiano e o alemão. O francês nos supera apenas quanto ao número de falantes não nativos.

Impressiona-me que não tenhamos uma política comum a todos os países que falam o português. Quem há de negar que precisamos definir uma grande estratégia cultural de presença no mundo que abranja todo o nosso território linguístico?

Quem há de subestimar a importância da língua? É grande a sua dimensão social, política, econômica e geopolítica. Ela é muito mais que uma ferramenta de comunicação. Nela, não estão armazenados apenas conhecimentos e informações. A língua é a cultura que ela produz. É ela quem nos dá os sentidos. É o universo desenhado por ela que nos referencia e nos singulariza. A língua gera coesão, nos fortalece no mundo globalizado. Língua também é economia.

No mundo globalizado em que vivemos, nunca houve tantas trocas de ideias, de discurso, de palavras, entre todos os falantes de língua portuguesa.

O português de Portugal, o português que emerge nos países africanos e a língua que é falada no Brasil formam um só idioma. Não tenho dúvidas de que uma ortografia comum, como parte de uma maior interação cultural, nos dará a grandeza e dimensão que nossos artistas e escritores projetam.

Por Juca Ferreira, sociólogo e Ministro de Estado da Cultura do Brasil - adaptado

http://www.cultura.gov.br/artigos/...

Considerando-se o texto, pode-se inferir que:

I - Para o autor, a língua versa sobre a sociedade, a cultura, a economia, a política, tendo importância inegável.

II - O autor é a favor de uma mesma ortografia para as variações de português de Portugal, da África e do Brasil.

A) Os itens I e II estão corretos.

B) Somente o item I está correto.

C) Somente o item II está correto.

D) Os itens I e II estão incorretos.

Resolução:

Alternativa A

No texto, o autor fala sobre a dimensão social, política, econômica e geopolítica da língua (item I), e defende, no terceiro e no último parágrafos, a adoção de uma ortografia comum para a língua portuguesa falada em diferentes países.

Fontes

AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Parábola, 2021.

BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 38ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015.

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2020.

CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 7ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2016.

Publicado por Guilherme Viana

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